Em diversas áreas que concernem ao pensamento humano, somos levados a intuir ações e agir mediante um primeiro pensamento que pode ou não ser efetivo. Essas ações por impulso podem ser melhor norteadas conforme maturidade, experiências e conhecimento da pessoa envolvida. Tanto para ações simples no dia-a-dia – escolher o almoço, por exemplo – quanto situações mais complexas – resolução de problemas interpessoais – o conhecimento é um aliado incomparável. Não seria diferente na área da saúde, certo?
Durante muito tempo a medicina baseou-se em experiências pessoais e opiniões de indivíduos com teorias pensantes – mas não comprovadas. A medicina baseada em evidências, ou saúde baseada em evidências, já que hoje sabe-se que saúde é um conceito muito mais amplo que apenas tratar doenças, mas uma qualidade geral de vida, propõe nortear as tomadas de decisões baseado nas melhores evidências disponíveis. Livrando-se assim de “achismos” e opiniões, a área da saúde pode encontrar melhor eficácia geral, tanto em resultados de tratamentos quanto em custos financeiros, propriamente ditos, se pensarmos em uma logística social de funcionamento de sistemas de saúde integrados.
Tudo começa com uma pergunta
Mas como saímos da intuição – natural e espontânea do ser humano, como um instinto – e vamos para a evidência científica? Tudo começa com a formulação de uma pergunta.
Segundo o professor doutor Álvaro Nagib Atallah, nefrologista e diretor do Centro Cochrane do Brasil, “a pergunta formulada servirá como a bússola de um navegador, norteando a busca pela resposta apropriada”.
A “bússola”, ao invés de norte ou sul, apontará para etiologia, diagnóstico, terapia, prognóstico, profilaxia ou custo-benefício. Essa referência ajudará o pesquisador a definir o melhor método de pesquisa mediante seu tema e objetivos. Além disso, existem quatro
tópicos a serem considerados dentro dessa formulação: problema (doença), intervenção, desfecho de interesse e grupo controle/comparação.
A saúde baseada em evidências requer testes, dados e confirmações. As informações a serem sabidas vão desde efeito de drogas no organismo até taxas de recuperação, mortalidade e efeitos colaterais.
Revisões sistemáticas em saúde baseada em evidências
Abrindo um grande parênteses, o professor Álvaro Nagib Atallah aponta que, para a realização de revisões sistemáticas na literatura em saúde, é preciso seguir métodos científicos rigorosos, que poderão ser reproduzidos e criticados, incorporando as pontuações posteriores ao texto original, permitindo assim sua evolução constante. Essas revisões incluem: “a. sintetizar informações sobre determinado tópico; b.integrar informações de forma crítica para auxiliar as decisões; c. usar um método científico reprodutível; d. determinar a generalização dos achados científicos, e. permitir avaliar as diferenças entre os estudos sobre o mesmo tópico; f. explicar as diferenças e contradições encontradas entre os estudos individuais; g. aumentar o poder estatístico para detectar possíveis diferenças entre os grupos com tratamentos diferentes; h. aumentar a precisão da estimativa dos dados, reduzindo o intervalo de confiança; i. refletir melhor a realidade”.
O que são as chamadas guidelines ou diretrizes em saúde baseada em evidências?
Segundo o professor Álvaro Nagib Atallah, as diretrizes são “sugestões de condutas clínicas que só devem ser aceitas se baseadas nas melhores evidências científicas existentes”. Portanto, para ser tomada como prática comum, uma descoberta científica precisa passar por uma série de testes e comprovações, até que se possa incrementá-la ao cotidiano na saúde.
Ao introduzir um novo tipo de tratamento, ainda existem diversas barreiras para que essa tecnologia seja realmente posta em prática: questões como cultura, falta de informação e interesses político-monetários podem influenciar em sua aceitação ou não pela sociedade tanto da área da saúde quanto pacientes.
Por isso, incentivar a importância do conhecimento científico e democratização da informação são os passos mais importantes para o avanço não só da Saúde Baseada em Evidências, mas de toda uma sociedade mais civilizada baseada em evidências, na qual será possível alcançar melhores resultados com muito menos tempo, dinheiro e erros de execução.
Fonte: http://www.centrocochranedobrasil.com.br/apl/artigos/artigo_517.pdf
FACSETE oferece Mestrado Profissional Stricto Sensu: Evidências Científicas para a Saúde
Compreender e apropriar adequadamente as evidências científicas disponíveis é uma exigência atual da área da saúde, que cada vez mais interage com outras áreas do conhecimento. Estar capacitado para lidar com dados e metodologias permite uma abordagem diferenciada que proporcionará impacto assertivo no meio em que o profissional
está inserido. As evidências científicas devem ser incorporadas às decisões, culminando no melhor resultado possível e sumarizando equívocos evitáveis.
Entre os objetivos do programa estão desenvolver capacidades de escolha das melhores evidências, obter guidelines para estruturar melhores serviços com eficiência e segurança, e solução de problemas com base nos melhores dados científicos disponíveis.
O mestrado em Evidências Científicas para a Saúde prepara para o ensino, pesquisa de eficiência e assistência clínica baseada em evidências, reconhecido e recomendado pela CAPES.